terça-feira, 4 de setembro de 2012

A bola roubada

A gente tinha uma bola que ficava no quintal, nunca guardei dentro de casa... daí que um dia senti falta dela e imaginei que o menino vizinho tinha pego ela, afinal já fazia alguns dias que ele estava pulando o muro que junta minha casa com o terreno baldio aqui do lado... mas não quis falar nada sem ter certeza e de qualquer maneira, era só uma bola... eu estava mais preocupada com o menino.

Mas antes de continuar a história, vou falar sobre esse menino. Ele tem uns 9 anos de idade e tem uma irmã de uns 6 anos de idade, eles moram numa casa onde moram 26 pessoas, todos funcionários de um restaurante aqui perto, a maioria deles são homens e eu nunca vi a cara da mãe deles. A casa é um lugar onde ninguém limpa, cuida ou minimamente tenta manter organizado, já vi um dos caras jogando bituca de cigarro pela janela, já vi todo tipo de lixo no quintal deles, dá pra ver a distância o lixão que eles acumulam. Nunca vi ninguém conversando ou brincando com essas crianças.

Continuando... daí que sábado estávamos voltando pra casa a tarde e eu vi o menino e a menina brincando com a bola no quintal deles, daí era fato, ele tinha pego a bola, bom roubado a bola mesmo. Daí decidi que ia falar com ele.

Na segunda quando daí pra levar o Linus na escolinha, eles estavam no quintal e eu chamei e disse que queria falar com ele, daí ele quis empurrar a irmã, eu insisti e ele veio. Daí eu disse que sabia que ele tinha pego a bola, que ele podia pedir, que a gente emprestava, que não era problema... ele só soube insistir que não foi ele, que foi outro menino, então eu disse que não importava quem  foi, mas que era pra ter pedido, pra ele dizer pra quem pegou, que da próxima, pedisse, que não tem problema nenhum em pegar emprestado, mas pegar assim não podia. Enfim... acho que não cheguei em lugar nenhum... e fiquei pensando nisso tudo...

Pensei no quanto ele deve estar acostumado a receber a culpa por qualquer coisa, que é automático pra ele tentar se esquivar, que ninguém nunca deve mesmo conversar com ele e acreditar na capacidade dele de explicar e escutar os fatos e fazer acordos... e também pensei na minha falta de jeito, na minha defensiva de não fazer nada se vejo a outra pessoa incomodada com alguma coisa que fiz... porque sério, eu poderia ter insistido, ter sido mais afetuosa, mas eu senti que o menino estava desconfortável e eu só queria sair correndo e me sentindo mal por não ter resolvido alguma coisa e só ter sido mais alguém que o acusou de ter feito alguma coisa errada.

No fim das contas ele não assumiu que a bola estava com ele, nem devolveu obviamente. Eu também não pedi de volta, e o assunto ficou por isso mesmo.

4 comentários:

  1. é, mas a questão que tá toda por tras é que é tensa, né?
    como assim, uma casa com mais de 20 pessoas?
    e esses meninos completamente jogados?
    dá vontade ou de bater ou de adotar esses meninos.
    ahahahhahaha

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    1. Pois é, dá muita vontade de adotar...
      Pior que ninguém viu que tem uma bola diferente lá, ou ninguém ligou, ou todos consentiram.... porque ninguém fez nada a respeito...

      O menino não sabe ser ouvido, ninguém deve conversar com ele.
      A menina leva a raiva do irmão, que desconta nela e ela, sei lá como lida com isso, acho que ela ainda não assimilou nada... mas um dia vai e vai ser triste.

      Eu me sinto extremamente mal por essas crianças e me sinto pior ainda ao me ligar que existem milhares de crianças que vivem desse jeito... os valores são muito estranhos. Fico pensando que a mãe deve com certeza arranjar um tempo pra ir na manicure, pra sair com os amigos, pra assistir a novela... mas não deve priorizar momentos com os filhos, momentos de real presença, sabe? E isso é deprimente.

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  2. Nossa que triste!Já conheci crianças assim.Quem não quer se dar o trabalho de educar, conviver e amar crianças não deveria sequer pensar em engravidar...acho muito triste uma criança assim, pois depois que virar adulto vai sofrer as consequências, já que o mundo lá fora não quer saber...tadinho...

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    1. Acho que essas pessoas não pensam em engravidar, só engravidam mesmo... rs daí o filho vira um peso que atrapalha e a pessoa tenta fingir que ela não existe!

      Eu sofro por todas as crianças do mundo :/

      Sou preocupada demais com a infância!

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